Jessy James - GostoESigo #13

Hoje o post é sobre um blog que sigo, mas acima de tudo a uma pessoa extraordinária, e é um post muito pessoal. Conhecem? Não? E se vos disser que é o blog da Jessica Athayde, já conhecem?

Já seguia o blog da Jessica, não porque é uma figura publica, mas sim porque gosto da partilha que ela faz por lá, os sítios que visitou, a paz interior que transmite. E à poucos dias conseguiu, na sua simplicidade subir mais na minha consideração enquanto pessoa.

Vi a entrevista que deu no projecto #Maria Capaz, e posso dizer que me identifiquei bastante com situações que passou.

Aproveito o post para partilhar convosco, algo que apenas os próximos sabem e conhecem... Eu nunca fui muito feminina, e ainda hoje não o sou, tento ser, mas não o sou, não consigo, falta-me qualquer coisa que ainda hei-de descobrir o que é. Sou bastante insegura e sempre o fui.
Cedo tive os meus avós a morarem lá por casa, e tive muito tempo a cuidar da minha avó materna. Sempre a conheci doente e já era normal ela ir "visitar" o hospital, já era normal ficar internada, contudo houve um tempo que foi parar ao hospital muito mal. Pensei que a perderia nessa viagem. Já estava mentalizada. Andava no secundário, com os meus 16 anitos, sempre pelo campo de jogos, com a bola de basquetebol debaixo do braço e a mochila presa no ombro apenas por uma das alças. Conheciam-me pelo sorriso e boa disposição, nem sempre era o meu estado interior, mas sempre mostrei um sorriso, mesmo que não o tivesse. Nessa manhã, o sorriso era verdadeiro, soube que lhe iriam dar alta médica, e a guerreira iria voltar em breve para minha casa.
Estava numa sala a tirar duvidas para um teste de Filosofia (o que eu detestava aquela disciplina), no meio de raciocínios, fui interrompida pelo toque do meu telemóvel,veio-me um arrepio sem saber bem porquê. Vi que era minha mãe, sai da sala e atendi com toda a alegria "Tou tou mãe, diz-me", ouvi um silêncio enorme antes que minha mãe conseguisse falar qualquer coisa "Andreia, preciso de falar sobre a avó". Nessa frase percebi o arrepio, percebi o que ela queria falar, sem ser preciso dizer seja o que fosse. O sorriso desapareceu, as forças, tudo, nesse dia deixei a bola perdida na sala de duvidas, saí da sala e quem me conhecia bem falou "Andreia posso acompanhar te até casa, eu sei que se passa algo", pedi que ninguém viesse, pedi para estar sozinha, sem falar a ninguém o que se passou, e a olhar à volta para tentar encontrar forças onde não as tinha.
Fui para casa, esperei que alguém me fosse buscar para ir ter ao hospital, mas nesse dia não foi preciso subir o elevador, nesse dia fui ter a uma porta de fundo, onde havia muito frio e silêncio, onde até o Sol parecia ter vergonha de entrar. Tentei sorrir para dar forças aos meus primos, meus pais, meus tios, tentei ser a fonte de força, mesmo sendo a mais nova, tentei ser a fonte de força onde não tinha força. Naquele dia, desaparecera alguém que me dava a força e a forma de eu ser... Descobri que tive de me re-descobrir.
Desapareceram as forças e a vontade. Voltei à escola como se nada se passasse, mostrei o sorriso do costume, voltei ao campo de jogos e às piadas, comia normalmente, um bolinho, um bolicao, sabia bem os doces. Certo dia ouvi "Além de Maria rapaz és gorda!", não tomei atenção, nunca tomei atenção ás boquinhas porque nunca me atingiam. Mas algo mudou, nesse dia custou-me ouvir, mas apesar disso continuei, e comia normalmente (ou pelo menos pensava que sim) até que um dia viram que eu estava demasiado magra, a balança dizia 38 quilos, para uma pessoa de 16 anos... Algo de grave se passava... Descobri o significado de Anorexia Nervosa, vindo de um ansiedade enorme causada pelo não luto que fiz da perda que tive, foi difícil, mas superei. Digo que superei, porque já tenho peso de gente, hoje talvez me chamem gordinha (como já ouvi me chamarem), mas já não me vai atingir (ou atingirá menos); já recuperei a força do sorriso. Ainda não gosto de mim, e tenho imensa insegurança perante eu própria, mas superei.
Revi-me assim nas palavras da Jessica, porque na altura, olhei à volta e senti que era a única com o problema, nem sabia como superar, mas superei.

Obrigada pelas palavras desta entrevista, parabéns por teres conseguido superar, faço um pacto contigo (sei que não nos conhecemos de lado nenhum), mas também irei descobrir um dia a paixão por mim.



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2 comentários:

  1. Por acaso também sigo o blog dela à algum tempo, gosto dos temas que escreve e do jeito de escrever. Só depois é que comecei a seguir em mais algumas redes sociais.

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